domingo, fevereiro 20, 2011

Lobos pra Lua

 

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“É justa essa tua calça. Essa tua nota de dez no bolço de trás. Ela entra no quarto, tira a roupa vai ao banheiro. O tempo passa, eu olho pra televisão desligada. O quarto quando você entra já vê a mesa de canto com um computador preto, ainda na entrada da porta, a tua direita, um guarda-roupa marrom com seis portas e lá... Depois dele o banheiro. Ela sai do banheiro com uma cueca preta, com os braços cruzados sobre os seios, com cabelos soltos, com a pele morena a mostra... Minha cama fica nesse meio... Cama, porta do banheiro e guarda-roupa... Ela passa... Para de costas em frente da cama, parece que esqueceu algo, que não sabe o que fazer agora- vem aqui?- chamo, pergunto, quase afirmo- passo a mão na barba, estico as pernas, respiro fundo, ela vira, me encara e sorri, não sei dizer sobre esse sorriso, sobre olhos, só sei pensar que a quero agora, do jeito que está, nesse sábado a atarde com o mundo correndo lá fora, com o sol queimando gente, com o mundo nos excluindo... Ela vem, deita de bruços- me encara. Deito de bruços também, a encaro- Oi?- ela me diz- você vem sempre aqui?- eu não aguento, dou risada, adoro quando faz que não me conhece- não, não venho- respondo- na verdade, eu estou aqui escondido- lhe digo- ela sorri- escondido?- sim- respondo- interessante, porque está aqui escondido?- ela me pergunta- minha namorada, ela não ia gostar nada, nada de me ver deitado  com você...-ela ri- mas não estamos fazendo nada...- fica vermelha, ela não sabe me dizer nada mais quente, apenas ri quando fica nervosa, ficando vermelha... É simples- não é isso que eu estou pensando... - respondo e coloco minha mão sobre suas costas nuas- eu’ estou pensando... - tento dizer, mas ela não deixa, vira-se e me beija, levemente... - não vá contar a sua namorada em?- sorrimos- claro que não...- A beijo- eu acho até que ela já sabe...- ela me beija- eu tenho namorado também, então... Somos dois amantes?- ela sorri com os olhos, agora entendo o que é esse negocio de sorrir com os olhos, pois não da pra ficar sério com os olhos, fazer olhos de mau e depois sorrir (ao mesmo tempo) fica estranho, e ela me sorri, com os olhos e corpo, me abraçando-somos sim... - respondo, abraçando teu corpo... Ficando ali, com a pluralidade de mulheres que mora naquela mulher...”

Escutando ela cantar, lá em cima daquele palco com um violão preto parecendo estar feliz, ele sente uma lágrima, teimosa e salgada fugindo dos seus olhos.

Toma um gole da sua cerveja e depois se vira para o balcão, do bolço esquerdo da calça ele retira um bloco de anotações. O abre. Em seguida pega uma caneta dentro do palito e começa a escrever sobre o papel.

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Enquanto ela canta…

“….Depois que o mal tempo foi... Eu vi você chegando... Trazia o rosto doce, bom e aliviado nada mais incerto... Voltávamos a ser então o tal casal- Apaixonado, apaixonado….♪”

 

Lobos pra lua. Hoje me teimei. Queimei-me. Lembrei-me de você. Fui lá e vi tuas fotografias. Eu, em meus estado e estilo de vida feliz, preciso, em alguns dias, lembrar de você, ver teu rosto, só pra eu ter certeza que passou que nada ficou e limpar o que restou. Obs. A música da Vanessa da Mata, ficou maravilhosa na tua voz

Depois que escreve chama a balconista- Entrega isso pra mulher que está cantando?

-Sim senhor- a mulher pega o pequeno papel.

Então ele vai embora.

10 comentários:

Anônimo disse...

Que montanha russa.

Tay disse...

UOL, gostei do texto.

bjus =*

Franck disse...

Merece uma continuação...lindo!
Bjs*

Gabriela Freitas disse...

Que historia hein...

Cynthia Brito disse...

Menina, a suavidade expressa neste texto é de tamanha intensidade que fez-me abrir um sorriso de leve quando li a parte do casal à conversa. Amo teus textos. Fico boquiaberta com o que escreves. Acho interessante todos os detalhes e metáforas que usas, sempre achei isso um charme (e eu adoro "detalhes"). Ao ler-te sinto-me como se estivesse a assistir um espetáculo (o que realmente é), mas como se fosse um "filme" digamos assim. Cada passo das tuas palavras fazem-me flutuar num mar de elegância e naturalidade quando trazes sonhos e letras de belíssimas músicas formando um novo mundo real. É uma plena viagem. Parece que não tem fim. Cada parte que leio vai faz-me flutuar e, assim, viajar ainda mais na tua escrita. Quanto mais te intensificas no que escreves mais eu me apaixono, e vai dilacerando o coração, como se eu me emocionasse ao encontrar-me na história. Sabes, pode parecer algo maluco, mas é o que acontece. É o que eu digo: "As palavras tem sim forte poder sobre os homens".

Adoro vir aqui. Em especial, amei este texto, Lúh. Ah, eu sempre soube que tu tens um enorme talento. Beijos. E tenhas uma ótima semana, princesa!

Com amor,
Cynthia *

Anônimo disse...

Em meio a tanta coisa ruim que a gente lê por ai....
Surpresa agradavel seu texto.
Não perca isso.
Boa semana.

HONORATO, Sandro. disse...

Belo texto.
Belo blog ,alias.
Vou seguir.
Beijos e uma otima semana
...................
RIMAS DO PRETO

sindro disse...

Oi Passe lá no meu blog de textos, obrigado, te espero lá.

Rebeca Postigo disse...

Perfeito!!!
Amei!!!

Bjs

2edoissao5 disse...

amores clandestinos parecem mais emocionantes?