Em uma sala pequena, jogada no sofá, com uma palheta em mãos...
“Ensina-me, essas tuas dores. Ensina-me. Quero aprende-las e senti-las. Aprender a senti-las. Quero detê-las na palma da minha mão e joga-las sobre a mesa, encara-las e dizer a elas “vá embora, vá...”, mas sei que elas não iram, não vão me escutar, me obedecer... Não vão. Vou ter que devolvê-las a você, pois são suas e nada posso fazer. Não tenho como acabar com os teus medos, teus receios, suas cismas... Nem saberia como... Nem por onde começar. Pra nada sirvo então. Só tenho essas coisas bobas de às vezes te fazer sorrir e noutras te fazer falar besteira, te irritar a ponto de você cansar de brincadeiras e me olhar na cara “dá pra conversar sério com você?” eu me assusto, fico feliz... “mas tento te falar sério, sobre coisas e sentimentos certos, mas você não me escuta, não lê meus olhos... Não quer me enxergar...”. Ai você percebe que a criança é você e que quem precisa superar coisas e momentos é você... Então você retoma, brinca e me faz sorrir, eu acho bom, mostro os dentes, estou feliz. Mas é que às vezes nem meu bom humor é bom pra você, não é o bastante... E um defeito meu já acaba com a minha imagem... Ai você já me destrói... Noutras nem confia em mim... Nem acredita na fé que tenho em ti, nas minhas palavras cortantes, salgadas, doces... As doces que poderia te dizer ao pé do ouvido... Mas você também não quer escutar -“não gosto de doce”- e eu digo “nem eu, nem desse doce que você faz comigo...”.Então é assim: ame-me do jeito que sou. Com meus risos soltos, com as minhas brincadeiras constantes, com meu açaí na tigela e meus alargadores azuis. Ame-me nas minhas horas sérias, na minha cama deserta e na minhas fases de solidão. Ame-me assim, de cara limpa, nas quintas de sol e nas tardes de chuvas. Ame-me do meu jeito bom e com todos os defeitos que tenho, com meu jeito retângulo de ser e pensar, com as minhas teorias de “ninguém é de ninguém”, com meu jeito de dizer que acredito no amor mesmo chamando o casamento de “ritual macabro”... Mas na verdade preciso de carinho tanto quanto você precisa, preciso que me escute gritar e noutras rir e rir... Preciso que me aceite, eu quero, eu gostaria... Mas se por acaso você não poder ficar ao lado de uma pessoa assim... Que tudo bem, não tem tanta beleza assim, nem ousadia... Uma pessoa que vê hora certa pra cada coisa e vulgaridade... Se não puder e nem pretende poder, por favor, vá. Vá, pois eu não sei te mandar embora. Não sei não te falar... Não sei... Faça o que eu não tenho coragem de fazer, acabar com o que nem existe realmente, acabe com esse sentimento que só existe no plano das ideias, no plano dos sonhadores, no plano daqueles que tem fé. Eu tenho fé. Só não sei se posso ter você...”
Depois que penso alguém me chama – Hey, você está pronta.
Desço as escadas pretas e subo no palco, minha voz vem, meu sentimento também...
Olho nos olhos daqueles que não me enxergam, parece que estou olhando pra você. Mas assim como um sorriso no rosto “boa noite”- sento no banco e pego meu violão preto-1...2...3...1,2,3...4- Depois que o mal tempo foi... Eu vi você chegando... Trazia o rosto doce, bom e aliviado nada mais incerto... Voltávamos a ser então o tal casal- Apaixonado, apaixonado- ...
Música*Vanessa da Mata- O tal casal
9 comentários:
Vai rolar um show extra?
Beijo!
Isso é relacionamento, envolve tantas coisas..
mas nunca deixe de subir no palco e fazer teu próprio show.
Somos artistas das nossas próprias emoções!
ame-o, sem limites.
Que adorável o seu blog! Gostei muito! Beijinhos!
Tbém estou aqui conhecendo sua 'casa virtual' e encantado estou...sigo-a para voltar e voltar e voltar...
Bj*
Sempre tens ótimas escolhas de músicas (:
Amor, já postei a 3ª parte de "Uma história de amor" (se acaso quiseres ler).
Beijos e teu texto está brilhante **
Bem, relacionamentos são assim não é.
Adorei o texto... como se tivesse saído de uma vez só. Um desabafo, tentativa de exorcismo.
Beijo grande,
Ps: é cantora?
Zuza
só a foto já vale tudo! rrsrsrs
Luh, li este texto novamente para relembrar-me e aquecer a memória enquanto lia "Lua visita". Acredito que, com certeza, não são todas as pessoas que tem o dom que tu tens, essa coisa linda de bailar o lápis sobre um papel ou os dedos por sobre as teclas de um computador. Gostei muito da mulher sensual e dona de si mesma que detalhas neste texto, principalmente quando dizes "Ame-me", "preciso de carinho", "preciso que me aceite", "eu não sei te mandar embora". Cara, adorei isso.
Bom, é um texto muito detalhado com pequenas partículas de comparações e metáforas. Está muito bom, Luh.
Com amor,
Cynthia **
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