“É justa essa tua calça. Essa tua nota de dez no bolço de trás. Ela entra no quarto, tira a roupa vai ao banheiro. O tempo passa, eu olho pra televisão desligada. O quarto quando você entra já vê a mesa de canto com um computador preto, ainda na entrada da porta, a tua direita, um guarda-roupa marrom com seis portas e lá... Depois dele o banheiro. Ela sai do banheiro com uma cueca preta, com os braços cruzados sobre os seios, com cabelos soltos, com a pele morena a mostra... Minha cama fica nesse meio... Cama, porta do banheiro e guarda-roupa... Ela passa... Para de costas em frente da cama, parece que esqueceu algo, que não sabe o que fazer agora- vem aqui?- chamo, pergunto, quase afirmo- passo a mão na barba, estico as pernas, respiro fundo, ela vira, me encara e sorri, não sei dizer sobre esse sorriso, sobre olhos, só sei pensar que a quero agora, do jeito que está, nesse sábado a atarde com o mundo correndo lá fora, com o sol queimando gente, com o mundo nos excluindo... Ela vem, deita de bruços- me encara. Deito de bruços também, a encaro- Oi?- ela me diz- você vem sempre aqui?- eu não aguento, dou risada, adoro quando faz que não me conhece- não, não venho- respondo- na verdade, eu estou aqui escondido- lhe digo- ela sorri- escondido?- sim- respondo- interessante, porque está aqui escondido?- ela me pergunta- minha namorada, ela não ia gostar nada, nada de me ver deitado com você...-ela ri- mas não estamos fazendo nada...- fica vermelha, ela não sabe me dizer nada mais quente, apenas ri quando fica nervosa, ficando vermelha... É simples- não é isso que eu estou pensando... - respondo e coloco minha mão sobre suas costas nuas- ‘eu’ estou pensando... - tento dizer, mas ela não deixa, vira-se e me beija, levemente... - não vá contar a sua namorada em?- sorrimos- claro que não...- A beijo- eu acho até que ela já sabe...- ela me beija- eu tenho namorado também, então... Somos dois amantes?- ela sorri com os olhos, agora entendo o que é esse negocio de sorrir com os olhos, pois não da pra ficar sério com os olhos, fazer olhos de mau e depois sorrir (ao mesmo tempo) fica estranho, e ela me sorri, com os olhos e corpo, me abraçando-somos sim... - respondo, abraçando teu corpo... Ficando ali, com a pluralidade de mulheres que mora naquela mulher...”
Escutando ela cantar, lá em cima daquele palco com um violão preto parecendo estar feliz, ele sente uma lágrima, teimosa e salgada fugindo dos seus olhos.
Toma um gole da sua cerveja e depois se vira para o balcão, do bolço esquerdo da calça ele retira um bloco de anotações. O abre. Em seguida pega uma caneta dentro do palito e começa a escrever sobre o papel.
Enquanto ela canta…
“….Depois que o mal tempo foi... Eu vi você chegando... Trazia o rosto doce, bom e aliviado nada mais incerto... Voltávamos a ser então o tal casal- Apaixonado, apaixonado….♪”
“Lobos pra lua. Hoje me teimei. Queimei-me. Lembrei-me de você. Fui lá e vi tuas fotografias. Eu, em meus estado e estilo de vida feliz, preciso, em alguns dias, lembrar de você, ver teu rosto, só pra eu ter certeza que passou que nada ficou e limpar o que restou. Obs. A música da Vanessa da Mata, ficou maravilhosa na tua voz”
Depois que escreve chama a balconista- Entrega isso pra mulher que está cantando?
-Sim senhor- a mulher pega o pequeno papel.
Então ele vai embora.
10 comentários:
Que montanha russa.
UOL, gostei do texto.
bjus =*
Merece uma continuação...lindo!
Bjs*
Que historia hein...
Menina, a suavidade expressa neste texto é de tamanha intensidade que fez-me abrir um sorriso de leve quando li a parte do casal à conversa. Amo teus textos. Fico boquiaberta com o que escreves. Acho interessante todos os detalhes e metáforas que usas, sempre achei isso um charme (e eu adoro "detalhes"). Ao ler-te sinto-me como se estivesse a assistir um espetáculo (o que realmente é), mas como se fosse um "filme" digamos assim. Cada passo das tuas palavras fazem-me flutuar num mar de elegância e naturalidade quando trazes sonhos e letras de belíssimas músicas formando um novo mundo real. É uma plena viagem. Parece que não tem fim. Cada parte que leio vai faz-me flutuar e, assim, viajar ainda mais na tua escrita. Quanto mais te intensificas no que escreves mais eu me apaixono, e vai dilacerando o coração, como se eu me emocionasse ao encontrar-me na história. Sabes, pode parecer algo maluco, mas é o que acontece. É o que eu digo: "As palavras tem sim forte poder sobre os homens".
Adoro vir aqui. Em especial, amei este texto, Lúh. Ah, eu sempre soube que tu tens um enorme talento. Beijos. E tenhas uma ótima semana, princesa!
Com amor,
Cynthia *
Em meio a tanta coisa ruim que a gente lê por ai....
Surpresa agradavel seu texto.
Não perca isso.
Boa semana.
Belo texto.
Belo blog ,alias.
Vou seguir.
Beijos e uma otima semana
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RIMAS DO PRETO
Oi Passe lá no meu blog de textos, obrigado, te espero lá.
Perfeito!!!
Amei!!!
Bjs
amores clandestinos parecem mais emocionantes?
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