quarta-feira, junho 09, 2010

Antes, durante e a solidão.

Não devo ser uma brasileira muito descente depois da minha última atitude. O Brasil estava jogando e eu desliguei a televisão, não sei o que está acontecendo comigo, deve ser a gripe que mexe um pouco com os meus sentimentos. Pelo menos essa é desculpa que inventei por está pensando em você nessa manhã.

Enquanto o café esfriava em cima da mesa e o pão da chapa ficava duro em um prato raso, eu olhei para a tela daquela TV e vi tantas coisas que me valeram mais do que se ela estivesse ligada. Lembrei dos filmes que já tínhamos assistido e das vezes em que apenas deixávamos a televisão ligada, enquanto nos enrolávamos naquele velho sofá azul.

Mas nada disso se compara com a primeira vez em que você esteve aqui, recordo que meus pais estavam na cozinha preparando o jantar e eu e você vendo um filme qualquer no sofá, acho que me concentrei mais em você do que no galã do filme, engraçado como a minha mão não cansava de passear pelos seus cabelos ou pelos seus braços e enquanto você encaixava a sua cabeça no meu ombro e brincava com as minhas mãos, eu poderia passar horas ali com você...

Quando voltei à realidade vi que estava sorrindo para uma televisão desligada relembrando coisas que minha mente já sabia de cor. Resolvi então despejar o café, agora gelado, na pia e jogar o pão, que agora estava duro, no lixo.

Sai da cozinha e subi as escadas até o meu quarto, minha mãe passou por mim com um cesto de roupas já passadas, reparei que ela estava com uma blusa de frio preta com uns detalhes brancos nas pontas das mangas e outra vez cai em minhas lembranças, já que aquela blusa era a que você tinha me dado no nosso último dia nos namorados; Ainda lembro que a data caiu em uma terça-feira muito fria, e você me ligou dizendo que não ia agüentar esperar até o próximo fim de semana, então eu sugeri que você viesse me visitar naquela noite, pois eu também não estava mais agüentando de tanta ansiedade e de saudade, apesar de ter te visto naquela manhã.

Você estava com uma blusa xadrez escuro de moletom e uma calça jeans escuro, segurando dois embrulhos- se soubesse que um dia sentira tanta falta de você no meu portão teria tirado uma foto sua naquela noite- quando abri o portão você me abraçou forte como de costume e beijou meus lábios calorosamente, e me entregou os embrulhos, quando abri o primeiro vi dois ursinhos em cima de um coração se beijando, com as patas para traz um segurando uma flor e outro segurando um coração, naquela hora e fiz um breve questionamento comigo mesma “por que um estava segurando um coração e outro uma flor? Por que não dois corações?”, mas no fundo eu sabia muito bem as respostas, mas não quis me importar, não naquela hora. O segundo embrulho era a bendita blusa, achei linda, na hora quis por e você riu da minha cara e me comparou com uma criança que quando compra uma roupa, já quer sair da loja usando.

É incrível como aquilo que nos faz bem pode nos fazer mal, quando você me deixou eu não suportava olhar para ela e então a entreguei à minha mãe. Hoje penso que foi um erro, pois quando menos espero me deparo com a blusa na minha frente me despertando as respectivas lembranças.

Depois de tantos devaneios, finalmente consegui chegar até o meu quarto, fui até a minha mesa de estudos peguei meu notebook; E enquanto esperava ligar, fui até o espelho para ver uma espinha que estava me incomodando, quando me olhei lembrei-me de outro momento em que estive na frente do espelho com você. Na verdade só lembro-me de algumas coisas, era um sábado atarde, almoçamos com a minha família e depois subi para escovar os dentes, e enquanto isso você ficou vendo o meu mural de fotos, quando entrei no quarto você estava lá, concentrado vendo minhas fotos “Eu achei aquele casal muito bonito... A menina me parece familiar...” você disse ironicamente apontando o dedo para a nossa foto e me puxando para mais perto, eu apenas ri e concordei. “Acho aquele rapaz muito charmoso” disse entrando em sua brincadeira, mas ficamos um bom tempo ali pois você teve uma leve birra após o comentário, mas eu deixei claro, que amava mais você do que o rapaz da foto – que, aliás, era ele mesmo- e dar alguns beijinhos, nós paramos em frente ao espelho “Nós formamos um belo casal” eu afirmei e você apenas concordou com a cabeça.

Não posso negar que tive muitas vezes o desejo de quebrar aquele espelho, rasgar aquelas fotos e queimar aquela blusa, mas o sentimento que morava em meu coração era maior que todo esse ódio, não consegui nem por um momento pensar coisas ruins de você, quando chegava perto disso a saudade chegava e me dominava por completo e as lágrimas saiam dos meus olhos sem nem ao menos eu perceber. Tive vontade de fugir, gritar, cortar meu cabelo, trocar de casa e parentes, ser outra pessoa só para não saber quem você é, não amar você, não sentir sua falta. Tentei mudar minha rotina, freqüentar outros lugares, mas não consegui, os dias se passavam com peso de meses e os meses com pesos de anos, e a saudade ia se acomodando em mim, a dor ia ficando amiga e a solidão virou rotina. O fim de semana já não passa mais rápido como quando você estava aqui, e até acho o sofá cresceu, os filmes já não me prendem mais a atenção, a sua blusa já não me esquenta mais, e os ursinhos me dão todas as respostas, que ignorei durante meses depois daquele último dia dos namorados, e o pior que você tentou me mostrar e eu não quis ver, mas lá no fundo eu sentia, e não quis dar importância, ao fato de que você nunca me amou e enquanto isso eu te entregava o meu coração.

6 comentários:

Harry disse...

nossa, nossa, nossa...
Acho que o termo "sem comentários" seria meio imprudente né? Afinal eu to comentando...
Mas então, é o texto mais legal que eu já li seu, principalmente o final.
Muito legal...vc realmente tem o dom e é especial ;D
Parabéns, de novo...
:*

Unknown disse...

aaawn, ficoou incríveel, parabéens *---*

Leeti disse...

Nossa, muito, muito lindo *-*
É triste perceber que tudo o que você viveu foi uma mentira. E que o amor na verdade não é amor coisa nenhuma.
Parabeens mesmo.
Beijos

lua b. disse...

*--* valeu pelo comentário, gostei mesmo
obrigada ;D

<3

Érica Ferro disse...

Ah, as lembranças, os doces momentos e o banho de água fria do momento 'já'.

Fico feliz que tenha gostado do meu blog, dos meus textos.

;)

gabi disse...

amores que a gente guarda, e depois tem que aturar, até que eles resolvam ir embora de verdade...

obrigada pela visita ;*