Quando abria o teu caderno azul na folha dos livros lidos, tinha raiva, apenas três e estamos em março. Quando chegava sexta, olhava para sábado e domingo e ninguém estava lhe esperando “ imagina quando morar só? Solidão irá me esperar”.
As palavras durante os dias iam se acumulando, e acumulando. Batendo em seu coração, ocupando cada vez mais espaço. A tristeza vinha hora sim e hora não “será que todo mundo é assim?”, mas quando sou triste, gosto de ser igual “ ser triste, é normal” mas quando estou feliz ‘felicidade é singular, pois de você, só existe um”.
E quando o dia acabava, na madrugada pela rua, andava de pressa, rua molhada, corpo suado, tênis sujo. E quando chegava em casa era sempre a mesma coisa, a mesma rotina.
Nos lugares que ia, era sempre indiferença “morri? Porque tu não me enxergas...” tinha vezes que pensava que seria melhor assim, ser só, falava que ia largar tudo, que ia viver pra ler e ler pra sobreviver, que ia começar a gostar de café e que ia finalmente começar a devorar livros, que não ia mais começar um dali e outro daqui, que ia apenas escrever em folhas, nada de Word.
E quando ia se arrumar, dizia que ia usar aquele tênis preto que pagou tão caro pra deixar pegando pó, mas no final, pegava o all star preto com cadarço azul, já rasgado e se pisasse no chão molhado a meia enxercava. E ia assim...
Teve uma noite que até pensou “acho que a minha vida é essa mesmo, viver lembrando o que um dia foi reciproco, do que um dia foi bom, de um abraço apertado na saída do shopping, de um vídeo engraçado de beijo estralado feito perto da churrasqueira na casa dele, de um por do sol em um campo de futebol. Ela estava conformada, sua vida seria apenas lembrar”.
E tinha dias que as palavras não vinham. E ficava horas ali, nem Beatles, nem Aerosmith, nem Vanessa da Mata... Nada a fazia escrever... Nada.
E teve noites. E teve dias. E teve textos. E teve histórias. E parece que a sua vida inteira foi um intervalo... Entre o antes- com ele e depois sem ele. E sem poder ficar com ele e sem ele, ela ficou ali, no intervalo, no recreio.
Dia 4 de março, o blogue no recreio faz três anos.
Três anos falando sobre a mesma coisa.
Três anos falando sobre o que poderia ter sido.
Três anos falando sobre ele.
Na verdade, nem falei, guardei pra mim, mostrei pra vocês.
2 comentários:
É incrivel como quando há amor no peito não se podes escrever sobre outra coisa.
Já pensou em mudar os proximos tres anos Lu? Em fazê-lo voltar, em tornar alguns contos reais, sei lá...
E aind bem que nos mostrou, esses lindos textos!
Três anos é um tempo bom para um blog, parabéns por mantê-lo com essa qualidade de sempre e sobre os escritos, a gente fala, escreve e derrama tudo aquilo que sente e assim vai ser até que se esvazie por completo.
Espero que as coisas fiquem bem para você, que os próximos recreios se tornem cheios de alegria.
Bjs e que venham mais 3 anos.
Postar um comentário