sexta-feira, outubro 23, 2009

Parte 6: Ficou tudo subentendido.

-Fica um pouco de perfil Raul, isso, pronto!

Ele saiu do estúdio meio zonzo, talvez por causa do calor, essa pelo menos era a desculpa que ele dava, mas na verdade não conseguia se alimentar bem há dias, não tinha fome.
Ele mesmo não o entendia, às vezes pensava que estava apenas cansado de tudo aquilo, das pessoas que nunca se importavam, dos amigos que só apareciam nas horas boas, dos seus pais, que nunca ligam. Passou pelo corredor, entrou na sala onde geralmente sempre ficava antes dos ensaios, e lá no silencio de uma sala cheia de espelhos, algumas frutas e um sofá, foi que ele encontrou a paz, era tão simples, mas depois, os pensamentos , os questionamentos que estavam antes, somente na sua cabeça, criaram vida, todos agora tinham vontade própria e a sala antes vazia, parecia mais um sambódromo.

-Ral?

- Oi... Entra.

Olha só.- e entrou a moça bem animada sentando no seu colo e abrasando-o pelo pescoço-eu fiz uma reserva para o almoço naquele restaurante que você ama...
-Qual? – perguntou Raul sem entender nada o que a moça falara, pois os pensamentos ainda estavam todos ali, olhando para ele.
-Ah Ral! O restaurante da Rose...
-Não me lembro.
-Como não? Nós fomos lá ano passado, até...
-Já lembrei Larissa!... Vou tomar um banho.

Existem algumas atitudes que, com certeza valem mais do que palavras, pois elas completam toda a cena; O fato de Raul não ter dado muita importância, não fez com que Larissa ficasse chateada, aliás ela nem percebera, mas logo após que ele disse que iria tomar banho, tudo ficou claro, pois ele saiu pela porta que dava para o corredor, e foi seguindo, passando pelas pessoas, algumas que vinha dizendo “oi, bom dia!”, ele ia dizendo apensas “adeus”.
Entrou no carro, e foi para casa.

Aquele dia não era dos melhores, não naquela cidade, não para Miúda que tinha perdido o seu melhor texto, que seria depois a sua melhor matéria. Para Raul era um dia que tudo tinha sido a gota d’água, aquela vida de brilho e fama não tinha graça, pelo menos, não mais, o seu relacionamento com a Larissa já não ia muito bem e tudo ao seu redor era estranho e diferente.
“Em diferentes partes da cidade pessoas são felizes” Foi o que Miúda pensou enquanto procurava novamente e desesperadamente por um pequeno pedaço de papel.
Já a alguns quilômetros da li Raul pegava uma mala, e colocava algumas roupas.
-Aonde você vai? (perguntou Larissa, que chegara alguns minutos depois dele).
-Para algum lugar... Longe de tudo...
-Ah! Que magnífico, uma viagem assim, pertinho do feriado, ah amor... Você sempre me surpreendendo! Eu vou ligar lá no estúdio e dizer que...
-Larrissa!- gritou Raul- eu vou sozinho- continuou ele, agora mais calmo.
Fechou a mala, olhou nos olhos dela, e saiu pela porta.
Dessa fez não usara desculpa, e ela tinha entendido tudo perfeitamente, e também não o seguiu de novo.
Ficou tudo assim... Subentendido.

6 comentários:

Felicidade Clandestina. disse...

ain,
amei.

(mas odeio qnd deixam as coisas ficarem subentendidas*)

Maria Midlej disse...

Wow!

Ah, que layout lindo, amei amei amei ):

Érico Pena disse...

Minha amiga Lua, vc cada vez mais me surpreendendo! uma verdadeira poetisa hehe... mt bom e continue assim. um bjão e mt sucesso em seu blog.
Érico

Belkis disse...

simplesmente adorei!!!
vai ter a parte 7??
bjoks

Unknown disse...

eu estou intimamente ligada a essas palavras.
ral é profundo.
nao sei se ele nasceu pra ser profundo, mas ele me tocou lá onde há uma portinha.


beijo torto

kiko... disse...

eu sei q ja falei isso várias vezes pra vc Lua...mas dessa vez sim vc me surpreendeu de verdade... ta explicado o pq de tanta concentração e qdo eu chego vc nem percebe q tem alguém ali....rsrsrs...
:)

ta muito inteligente seu texto... prarabéns... beijos...