domingo, maio 31, 2009

Lá em casa



Eu parei então enquanto todos ainda estavam em movimento.
Escutei a música que não foi do meu agrado.
Tinha comida. A comida que não queria descer.
E a minha união com aquelas pessoas não tinha cabimento.
Sou a carta do baralho que se perdeu.
A peça que veio com defeito.
Pensei em muitas coisas naqueles minutos, reparei nas linhas de expressão de uma senhora que chegara perto de mim, pensei, quantos episódios de uma vida real essas linhas podem me contar, e o que elas podem me ensinar.
Tinha um deficiente auditivo, por um momento pensei, o silencio poderia me ajudar, a organizar as minhas idéias.
Mas cheguei à conclusão que poderia inventar uma desculpa para ir embora, dizer que minha cabeça estava explodindo, ou que amanhã teria muitas coisas a fazer, ou poderia falar a verdade; mas é claro que como aqui a verdade também em última opção.
Quando cheguei no meu refugio, sentei no chão, a porta foi fechada, e naquele momento éramos só a casa e eu, eu e a casa, meu coração batendo e a casa a escutar, a porta do banheiro aberta na minha frente, e a casa sem vida, a tampa da privada fechada e casa me observando, o sofá me chamava, a hora do programa preferido chegara e o mundo do outro mundo, do mundo que eu queria que fosse o meu mundo começará a chegar em minha casa, acabara com todo o silencio, chamava a minha atenção, e as vezes me trazia uma pequena informação.
Mesmo depois da casa, da tampa da privada, do sofá que me fazia um convite, do mundo...Do mundo, ainda procurei algo diferente para se fazer, mas não tinha, me restou uma briga, me restou uma indiferença, me restou uma reflexão, e talvez...Mas só um talvez...dizer
-Não ligo para nada que eles falam!
No final das contas não faz tanto sentido para ninguém
Sou um louco na frente do espelho vendo se conheço o que vejo.
Sou a carta do baralho que se perdeu.
A peça que veio com defeito.
Sou nenhum deles.
Tratam-me como se fosse um deles, mas jamais serei eles.
Serei o que quero, então. Serei minhas regras. Minhas idéias. Meus pensamentos. Meus livros. Minhas músicas. Serei o que quiser.
E de repente, percebo que a única coisa que se moveu em mim foi minha cabeça, no meio de tanta gente, de tanta mascara com tanto faz de conta, eu era a que pensava em como não combina com aquilo tudo, e estava muito feliz com isso.
...Eu fui a uma festa, uma festa muita loca!
Tinha muita gente, todos com mascara, pensei que fosse carnaval, mas era só uma mentira ou modo de levar a vida.



O programa que me chamará atenção.

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