quinta-feira, novembro 24, 2011

Seria um erro.

 

Você não tem medo?-eu perguntei pensando que Hugo talvez não respondesse, talvez tenha caído no sono enquanto acariciava as suas costas.

Medo do que?

Eu respirei profundamente- Medo de um dia se apaixonar e colocar tudo em jogo- ele me encarou enquanto eu contornava uma de suas tatuagens nas costas.

Deveria ter medo?- eu não respondi apenas o encarei, porém dentro de mim algo queria saber loucamente como era tudo aquilo, pela primeira vez eu estava nos bastidores e não no salão de beleza dizendo que “fui traída”.

Então Hugo disse: Não tenho como saber quando vou me apaixonar e se esta será tão forte que abandonarei a vida de uma mulher para ficar com a dona da minha paixão.

Não posso negar que gostaria de ser a dona daquela paixão, porém Hugo era um homem fascinante que não poderia ficar guardado sobre uma aliança e um status de casado ele era do mundo e não de um lugar, ele era das mulheres e não meu: - Você está certo nunca sabemos quando vamos encontrar alguém que nos deixe desorientados e corajosos para agir em situações de extremo perigo.

Hugo levantou e me beijou carinhosamente enquanto sua mão, partindo do meu ombro até a minha cintura, ele sussurrou “atualmente o único perigo é você” eu o segurei pelo pescoço e o beijei loucamente queria o seu corpo tanto quanto poderia querê-lo para o resto da minha vida, mas eu não podia prendê-lo, ninguém poderia segurar para sempre o coração daquele homem, não pelo resto da vida, às vezes, se desce sorte, por um ou dois meses algo a mais seria crueldade.

Mais tarde enquanto estávamos em um restaurante ele me perguntou: - Quem é aquele rapaz que senta ao seu lado durante as minhas aulas?

Ciúmes? Eu desejei que fosse. Sentimos ciúmes de quem a gente gosta? Ou de quem possuímos? Afinal eu era dele? Ou era só ‘alguém que ele resolver possuir’?

- É só um amigo que fiz o único, aliás.

Hugo não me encarou enquanto eu respondia a sua pergunta apenas deu uma garfada na sua carne e bebeu mais um pouco de cerveja-Não parece que são apenas amigos, ele é solteiro?

Eu não entendia porque tanto interesse em um cara que eu mal estava conversando e apesar de rir muito com ele não tinha pra que ele ser assunto da nossa conversa, mas estava gostando daquilo, do fato de se interrogada- Ele é solteiro sim, quer dizer, eu acho que é pelo menos nunca falou de alguma namorada ou algo do tipo e não usa aliança.

Hugo sorri como se tivesse um segredo perverso para contar e eu sabia muito bem o que era

-Eu também não falo da minha esposa para você –

Eu balancei a cabeça negativamente-É diferente não acha? Você usa uma aliança e está mais que evidente que tem uma mulher.

Não gostava de lembrar isso todas às vezes, porém, era preciso, ele me forçava a pensar que não era solteiro mesmo em situações que não tinham nada a ver com o assunto, só pelo fato de ele sempre ter tempo para mim, de não desistir quando outros no lugar dele e solteiros desistiram. Hugo era diferente dos outros ele ficava, marcava território, sabia como cantar e dizer coisas baixas com estilo, quando conversava era um poço de experiências e histórias fascinantes daquelas que você olha para sua vida e pergunta-se ‘porque tenho tanto medo de me arriscar?’ Então ele começa a contar os seus pensamentos e suas teorias e ao mesmo tempo te entrevista, te devera. Se um dia você, cara leitora, encontra-lo vai entender do que estou sentindo sobre este homem. Se eu pudesse contar para ele meus pensamentos mais profundos e minhas duvidas insanas não teríamos tempo para o sexo. Mas com o Hugo sexo não é apenas sexo, porém isso fica para outro dia, outro desabafo. Às vezes, enquanto ele esta falando, eu fico reparando em como ele tem olhos juvenis mesmo chegando à casa dos 40, como conta sobre as coisas da vida, sabe aqueles problemas que todos temos? Bater o carro, esquecer alguma coisa em algum lugar que vai demorar a voltar? Então, ele me conta tudo com detalhes duvidosos, digo isso, pois suas histórias, aquelas do cotidiano, são contadas por uma mente que sabe enxergar a beleza das coisas nas coisas mais sujas e às vezes irritantes e quando a beleza da chance ao acontecimento, ai que vira tudo poesia, todas as coisas que ele me contava, até sobre suas outras mulheres e amores que um dia teve tudo que ele contava me dava cede de viver, sentia-me intelectualmente inspirada para vida, qualquer coisa que aquele homem me contasse certamente me deixava com excitação, seja quando ele falava sobre os livros ou sobre como foi ser pego traindo, tudo era fantástico e às vezes dramático, mas era encantador e, principalmente, sedutor.

- Você é jovem e bonita- Hugo me encarou- não tem por que não pensar em outros rapazes ou vários.

Pensei e se ‘eu quisesse pensar só em você?’ então a minha consciência me disse “seria o erro”.

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2 comentários:

Luís Monteiro disse...

Essa historia é verdadeira? É tudo tão real nela. As falas, os olhares, os toques. Muito lindo. Esse Hugo, talvez ele goste mesmo dessa garota, e ela, dele. Profundamente verdadeiro. Lindo, de novo.
Vem me visitar também, posso esperar você. Um beijo"
http://semguarda-chuvas.blogspot.com/

Rebeca Postigo disse...

Pois é...
Erro que insistimos em cometer...
Belo texto!!!

Bjs