A sala escura mostrava os dias que passaram por ali, em uma poltrona uma mulher jogava-se e em seguida ressurgia em um copo qualquer de bebida barata comprada em um boteco de esquina. No seu som ao longe, em cima de uma mesa velha, uma mulher cantava hora apenas gemia ‘essa é a minha música’ ela sussurrou enquanto se jogava em outro copo, sua garganta queimava mais a cada gole, na sua outra mão um cigarro, ela fumava o vigésimo do dia ‘ se quero morrer?’ lembrou-se daquele dia de março em que a irmã a visitara ‘você tem que parar com isso, essa droga vai acabar te matando!’ ela sorri ao lembrar daquilo ‘mas esse é objetivo da coisa, se quero morrer? Por que não, mais um cigarro?’. Cruzou as pernas, sobre um joelho roxo, lembranças da noite anterior, suas costas ainda doíam, seus cabelos bagunçados apenas afirmavam que há dias aquelas mechas não sabiam o que era bom pente, quiçá água, shampoo e condicionador.
Ela não ligava. Pegou o controle aumentou o som, tomou mais um gole, este que desceu rasgando e queimando todas as suas palavras engasgadas, deixou a cabeça pender para trás.
Ali ficaria, mais um cigarro, por favor. A dor era insuportável.
6 comentários:
UOl, um texto bem marcante, gostei muito dele.
bjus =*
Um dos melhores.
Muito bom Lu, fiquei sem saber o que comentar...
"Ali ficaria, mais um cigarro, por favor. A dor era insuportável."
A imagem combinou bastante.
ela já estava anestesiada...
bela narração.
bjsmeus
Nossa Lu, esse foi rasgando mesmo.
Bem marcante...
Mas ela ainda estava tentado se anestesiar, porque a dor, por mais que diminua, nunca passa.
Beijo =*
Cada um procura como pode uma válvula de escape para as suas dores e seus gritos interiores...
Forte e marcante...
Tens escrevido textos bem mais densos atualmente...
Percebo que vens amadurecendo...
Estou gostando do que leio...
Bjs
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