sexta-feira, dezembro 03, 2010

Texto pra começar.

 

 

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Sentei na terceira cabina da esquerda para direita, um homem fardado se aproximou- Quem a senhora quer ver?

Eu engoli em seco, fazia horas que não falava nada a viajem solitária me deu apenas a companhia do pensamento- quero falar com Teodoro Vasconcellos de Assis – finalmente respondi.

O homem apenas assentiu.

Alguns minutos depois pude ver Teu com um macacão cinza claro, como tudo ali era cinza e sem vida. Teu estava diferente, fazia dois meses que não nos víamos, na hora senti um peso no meu coração a minha mão começou a soar e as pernas a tremerem, não sabia dizer se era por vê-lo depois de tanto tempo ou se minha mente não estava acostumada a ver aquele homem que um dia já fora tão feliz ao meu lado estar hoje naquela situação, me perguntei onde foi que erramos, mas eu sabia muito bem.

Ele sentou-se no banquinho, estava mais magro seu rosto tinha mudado já que perdera peso, não usava mais barba e seu cabelo ainda estava grande já cobria a metade da orelha, seu cabelo tão castanho e liso, na hora me veio um desejo súbito de passar a mão deles, e lembrei-me dos dias em que brincar com aquele cabelo era a melhor rotina que poderia ter.

Ele me encarou e me perdi naqueles olhos verdes quando ele falou tomei um susto não tinha percebido que ele havia tirado o telefone do gancho.

- Quanto tempo querida- sua voz era rouca e forte, parecia que não falava há vários dias, senti um calafrio quando escutei sua voz, sua boca me saudando, era tanta saudade daquela boca.

Enfim tirei o telefone do gancho à mão que segurava o telefone soava tanto e minha garganta seca não queria transmitir nada, mas mesmo assim tentei.

- Oi Teu... – respirei fundo- desculpe por vim só agora, depois de tanto tempo eu...

-Calma querida- era um sorriso que via ali naquele rosto tão sofrido?- não precisa se desculpar, sei que nossa casa está muito longe daqui.

Nossa casa? Ainda somos nós? Ele ainda me ama? Como pude ficar enrolando, adiando esta visita, o meu homem estava pagando por um crime que não cometeu e eu queria adiar ver o sorriso que mais me da força?

- Eu poderia ter vindo antes – sugeri.

- Você veio quando teve que vim querida. - ele se arrumou no banquinho- como está o Cezar?

- Ah – suspirei e respondi- ele está correndo por toda a casa, o primeiro dente dele caiu semana passada está com uma janela bem na frente- indiquei com o dedo indicador em meu sorriso o dente que falta em Cezar, Teu sorriu- ele fica me perguntando quando será a festa junina, já que com a janela ele não precisa pintar de preto o dente da frente. Ele inventa cada coisa.

Rimos.

- E você queria...

-Eu? ...

- Como você está?

Não sabia como responder aquilo, iria dizer que minha vida está corrida que a peça está um sucesso e que vou viajar seis meses em turnê enquanto ele fica ali preso, mas como poderia abandonar tudo? Cezar e eu precisamos de dinheiro agora que... Que ele está preso e só Deus sabe quando irá ser solto, os advogados são bons, mas comem todo o meu dinheiro e Cezar está crescendo tão de pressa precisando de roupas e sapatos novos.

Como poderia dizer tudo isso para meu marido? Como poderia ser tão cruel, como?

 

12 comentários:

**Brunah Isabelle =) disse...

goteei do seu cantinho..
seguindo akiie Ok..
Topa parceriia ?
espero sua resposta logo menos...
http://the-blog-teenager.blogspot.com/

Bjk

Viiviih M. disse...

Nossa,acredita que na primeira linha do teu texto quando ainda não tinha lido e notado que a história era de um preso inocente me veio uma vontade danada de escrever um texto sobre isso?
Pois bem,não acredito,mas coisas assim acontecem.Adorei o texto flõr,Beijoos ;*

2edoissao5 disse...

ter um filho e nãove-lo crscer é um castigo.

beijo!

Gabriela Freitas disse...

Maravilhoso...
Adoro ler seus textos, porque eles inspiram muito.
Bem triste a historia, mas muito bonita tambem.

Rodolpho Padovani disse...

Bem tenso esse, hein, mas acho que ela deveria ser honesta com ele, apesar de estar preso, ele como pai e marido, só deseja o melhor para sua família. Fiquei querendo saber mais, mas quando vi, já tinha acabado.

Ah, te te dei a dica sobre o tamanho da letra, achei que você fosse ficar brava comigo, mas você alterou. Valeu.

Bjs =)

Cynthia Brito disse...

Oh, que comovente!
Ótimo texto *--*

Nina disse...

Que triste! Porém escrito de uma linda forma!

Simplesmente o texto ficou o máximoo!

Bjinhos

Nina

Solange Maia disse...

tuas lindas palavras narram uma tristeza infinita...

beijo carinhoso

2edoissao5 disse...

tem selinho pra vc lá no blog.
beijo!

Ray Siq disse...

Tá bem interessante a história...

menina, é mesmo né, eu sumi hahaha
mas tenho estado ocupada, facul,
surgindo propostas essas coisas
mas não dá pra abandonar o blog,
amo demais, vou aparecer pouco, mas vou aparecer!
Beijooss :*

Bird disse...

Puxa...
Não sabia que você escrevia tão bem

[também...só li um de seus textos da última vez]. Quero ler o resto da história..[se houver...].

A segunda parte do conto "O Caso da Cidade das Almas" já foi postado:
http://emyhouse.blogspot.com/2010/12/o-caso-da-cidade-das-almas-2-parte.html

Anônimo disse...

Menina, quanto talento. Olha, acho que dos texto que li desde que comecei a visitar seu cantinho, esse foi o que mais me impressionou. Vai ter continuação?

Beijo.