quarta-feira, outubro 27, 2010

Ela e ela.

 

“…Amarrado à história antiga

Eu não acreditava em destino

Eu procuro e você está ao meu lado

Que sensação!…”

Ele estava feliz, mas sabia que aquilo era algo programado, como os afazeres como ter que buscar o jornal na porta ou fazer as compras do mês. Não acontecia como tinha acontecer, como quando chove a noite depois de uma manhã abafada e uma tarde mais quente ainda e a noite quando ele deita olha pela janela o céu escuro com algumas estrelas que conseguiram escapar da poluição e mostrar o seu brilho, aquele vento morno vem e refresca o seu corpo e em alguns minutos, a chuva a cura. Tudo que fosse parecido ou equivalente a isso, para ele era considero ser feliz, ser realmente feliz. Se alguém lhe falasse a um ano que não seria mais assim, feliz, como a chuva a cura. Ele iria rir e dizer “Tá maluco?”. Ele era feliz, era isso que o atormentava mais, amar a sua garota, a garota que sempre, sempre mesmo, ele quis ter como namorada, como mulher e quando teve essa oportunidade foi um sonho que estava se realizando, ele se perdia, não sabia se aquilo era real, pois estava acostumado com casinhos ali e aqui, era até legal e divertido, mas Ela, Ela não, Ela é diferente, se encantava cada vez que saiam e ficavam trocando beijos e caricias, não era só “ficar” existia a amizade e química entre eles, as risadas e conversas sérias, planos e lembranças, ficavam horas contando um para o outro, detalhes que em anos de amizade jamais foram ditos, sim, agora era diferente, eles eram um casal, eram... E isso doía. O fato de não ser mais o amado dela, o amor, ser a boca que alimenta os desejos dela, não poder mais dar aqueles abraços que ela sempre dizia que desejava e sentia saudade, não ter mais o cheiro daquela pele mais o perfume dela em sua camisa. Não ter. Não ter. E isso o atormentava.

Agora tinha outra que o amava, ele também sentia algo semelhante, mas sabia que não era a mesma coisa. Às vezes jurava que sentia um amor profundo algo até melhor e maior que havia sentido pela outra, mas ai a noite vinha e quando chegava o sol que aquecia a sua cama pela manhã ele sabia que era mais um dia sem Ela. Não gostava de comparar, mas as brigas que tinha com a atual lhe davam nos nervos e sabia, sabia de coração, se ainda estivesse com Ela não seria assim, aliás, ele não sabia nem o que era discutir com Ela, já que tudo com eles eram na base da conversa. Hoje sentia até felicidade, às vezes, eles se encontravam, seus olhares se cruzavam, ele a admirava, tentando mandar com o seu olhar palavras que não tinha mais coragem de dizer, o tempo havia passado, não era mais tempo de dizer “ olá como vai? Sinto sua falta” soaria estranho e fora de foco. Como essa vida nos prega surpresas, em uma bela tarde ele deseja que o tempo passe e que Ela suma, que algum novo amor venha e cuide das feridas que Ela deixou, e seus pedidos foram atendidos, alguém veio e dedicou sua vida a ele, sabia que a mulher de hoje o amava e era grato por ter essa pessoa tão cuidadosa e amorosa com ele, mas quando via aquele antigo amor algo dentro dele mudava, algo que tirava os pés dele do chão que o fazia pensar “por que teve que acabar?”, ele ainda contava os meses que estariam juntos mesmo estando separados a tanto tempo, ele ainda lembrava-se dela assim, a qualquer hora, era involuntário e quando ficava muito tempo sem encontrar seus olhos pelas ruas, começava a comparar tudo com o que eles viveram, sentia raiva e saudade, amor e insegurança. Às vezes pegava presentes, cartas ou fotos da época que eram felizes juntos, uma época que a cada minuto que passava ficava mais distante e era ainda mais difícil de crer que aquilo fora real.

Sabia que agora era feliz, tinha um amor para ele, dizia a todo instante “eu a amo, eu preciso dela e ela de mim, somos felizes, sou feliz”, precisava provar para si mesmo, precisava crer nisso, tinha que crer nisso.

Mesmo que vez por outra, o amor antigo vinha lhe visitar ou ele mesmo ia procurar, às vezes sentia saudade do sentimento que sentia por aquela, por Ela, era bom, até o sentimento que sentia por Ela, era algo gostoso de sentir...

Mas... Ele era feliz. Tinha que crer, que era feliz...

 

“…Tied up in ancient history

I didn't believe in destiny

I look up you're standing next to me

What a feeling…”

Música:Brighter Than Sunshine- Aqualong

4 comentários:

Nina disse...

Adorei o post.

Bjos

Nina

Betty Gaeta disse...

Oi Lu,
Eu queria bater neste cara! Imaginou vc estar com alguém que está pensando em outra pessoa ?
"Old fellings"!

Eu sou muito de época com as músicas que eu gosto e gosto de coisas estranhas para os padrões normais. Passei um tempão ouvindo só "Mayra Andrade" :
http://www.youtube.com/watch?v=JIGndfywArw
Depois desapeguei e comecei a ouvir "Henry Salvador":
http://www.youtube.com/watch?v=1bHbAnx_uwk&p=49E124AD1A701B3D&playnext=1&index=43
Espero não assustar vc com meus gostos excêntricos...
:)))
Bjs

Luria Corrêa disse...

" Ele era feliz. Tinha que crer, que era feliz ... " que lindo Lu ! Me fez imaginar cenas que crio idênticas a quando leio livros com belas palavras como as tuas.

beijos :D

gabi disse...

Ah, a gente tem que se agarrar a outras coisas pra ter fé quando se perde o que a gente mais gosta, né?

:*