No recreio: Seria possível sentir alegria e tristeza ao mesmo tempo?

Parte 1- Sentir.

Acordei feliz e não lembrava o porquê, me arrumei rapidamente e cai nos braços do mundo o dia transcorreu com tudo indo para os caminhos mais obscuros possíveis, mas eu estava feliz, havia algo de dentro de mim que estava confiante e quase me parabenizando.

Mais tarde quando cheguei ao estacionamento da faculdade dei de cara com Hugo, ‘ era impressão minha ou ele estava me esperando?’

-pensei que ia faltar hoje- ele disse apoiado na janela do meu carro.

‘sim, ele estava me esperando’ - sabe que não perco suas aulas- sorri.

- pena que não posso beija-la aqui, mais tarde?

- amanhã acordo cedo.

- fim de semana então?

- marcado.

Estacionei o meu carro e fui para a sala de aula, quando cheguei o clima na sala estava de alegria.

- Lídia!- uma colega me chamou- venha cá!

Caminhei até o fundo da sala, onde muitos estavam com pratos de comida doce e salgada, outros bebiam refrigerante enquanto outros tiravam fotos – O que está acontecendo aqui?- ela veio e me abraçou como outros colegas também.

- hora Lídia, estamos no último dia de aula, você é tão desligada. Pegue alguma coisa para comer.

Seria possível sentir alegria e tristeza ao mesmo tempo? Se for, então eu estava sentindo os dois e no segundo seguinte, após receber a notícia, eu procurei um canto para me esconder.

‘ as escadas’ (pensei) e corri para lá.

Ela é trovoadas

Deitadas na sua frente

Escondida e com a respiração ofegante tinha a sensação que todos estavam me procurando para gritar nos meus ouvidos que “chegamos ao fim”. Comecei a chorar. Era sempre assim tudo que eu fazia, por mais distância que tomava de todos, sempre dava uma parte de mim para o momento e este me entregava uma Lídia aprimorada, mas penso que ser sentimental demais era um estado de espirito e não algo que pode ser rapidamente curado ou aprimorado era genético, estava lá, em algum lugar dos 21 cromossomos SENTIMENTAL EM EXCESSO e nenhum momento ou fase da minha vida iria mudar isso.

Na minha mente as lembranças passaram como um filme. Como se estivesse construindo um muro tudo começou a ser posto sobre os meus ombros que de largos e fortes, transformaram-se em pequenos e fracos de tanto peso. As recordações vieram forte como uma chuva de janeiro, principalmente a lembrança de quando conheci Hugo, aquela primeira aula, troca de e-mails, mensagens e finalmente a primeira vez que saímos para conversar. ‘nunca conversei com um homem tão interessante que ao mesmo tempo em que me excitava e me preocupava afinal, ele é CASADO’...

- Desculpa, mas chorar desse jeito no último dia de aula é ‘muito brega’. Eu sei que a gente se fala às vezes, mas calma, eu te dou uma chance- brincou Tiago com um sorriso cativante nos lábios e uma piscada malandra em seus olhos castanhos.